Spleen e charutos

março 30, 2011

As coisas belas e sujas do Cinemerne

Filed under: Spleen — spleencharutos @ 1:48 am

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

Quando a experiência cria calos

De acordo com matéria publicada pelo sítio Yellow Domain, o músico lagartense Paulo Henrique já teve a sua cota de perrengues nessa vida. Depois de ter abandonado a incensada Lacertae, PH teria comido o pão que o diabo amassou, sucumbindo a uma dieta de drogas e álcool suficiente para minar a energia criativa de qualquer cristão. Depois de visitar o inferno, no entanto, o músico voltou limpinho da Silva, pronto para registrar as asperezas de sua poesia nas cinco canções do EP “Coisas belas e sujas”, fruto de seu mais novo projeto, que recebeu o inspirado batismo de Cinemerne. Bom pra ele, melhor ainda pra gente.

Eu mencionei a poesia do cabra, lá atrás, e não foi à toa. Se é verdade que as músicas do Cinemerne possuem vitalidade suficiente para prender qualquer ouvido menos preguiçoso, a simplicidade das harmonias, econômicas até dizer chega, não surpreendem ninguém. É no exercício do verbo, na ponta da língua, que PH justifica suas composições.

Como diria Jack o estripador – Mas vamos por partes. Pra fazer esse trabalho direitinho, sou obrigado a mencionar aspectos técnicos que podem entediar o leitor comum, mas que significa muito para quem possui alguma intimidade com a cena local. O nome de Léo Airplane, por exemplo, mais uma vez aparece nos créditos de um trabalho fonográfico sergipano. Pode acreditar, pra galera mais esperta, esse nome diz tudo.

Léo assina a produção e mixagem do disco, e ainda emprestou o estúdio para a gravação do disco, no décimo inverno do séc. XXI (é o que informa a ficha do disco, faça as contas aí). Além disso, executou baixo, teclados e programou as baterias do EP.

Agora, o que interessa mesmo, como já foi dito, são as letras de PH. Para dar vazão às coisas belas e sujas que povoam o seu mundo, o compositor constrói imagens com as palavras, como se pretendesse edificar um monumento à confusão que todo mundo carrega dentro do peito. As palavras são duras, não acalentam. Não se pode esperar suavidade de quem andou cem quilômetros com um sapato. Quando a experiência cria calos, mesmo a esperança se manifesta cansada. É isso o que “Coisas belas e sujas” ensina pra gente.

4 Comentários »

  1. Descrição suculenta, fiquei interessadíssimo em dar um saque. Faltou algum link pra conferir o trabalho.

    Comentário por Deilson Pessoa — março 31, 2011 @ 4:33 pm

  2. Passe aqui em casa que o sr copia, Marico! rsrs

    Comentário por spleencharutos — abril 1, 2011 @ 1:54 am

  3. Se eu quiser uma cóipa, vou ser chamado de marico?

    Comentário por marreta — abril 5, 2011 @ 2:19 pm

  4. Você eu respeito, só por causa de Thiara! kkk

    Comentário por spleencharutos — abril 5, 2011 @ 2:29 pm


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